Quaresma, um tempo de silêncio, oração e penitência.
Uma das penitências indicadas pela Igreja para este tempo é o jejum. Para praticá-lo é preciso saber um pouco sobre ele.
Com a Quarta-feira de Cinzas, a Igreja inicia o período quaresmal, tempo de preparação para a celebração da Páscoa, momento ápice da liturgia e da vida da Igreja ao longo do ano. São quarenta dias de intensa preparo para celebrar bem a ressurreição do Senhor.
Em todo o período quaresmal renovam-se os apelos à conversão, ao abandono do pecado, à renovação da fé, à produção de frutos de justiça e caridade, ao avanço no conhecimento de Jesus Cristo e à correspondência ao Seu amor, visando uma vida santa.
Durante esse tempo, a Igreja exorta todos os cristãos a realizarem os exercícios quaresmais, entre eles, o jejum. Naturalmente, essa prática deve fazer parte da vida do cristão ao longo de todo o ano, mas, na Quaresma, deve ser exercida mais intensamente, também como forma de penitência.
Pelo jejum recorda-se que "não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que vem da boca de Deus" (Mt 4,4). Por meio dessa penitência, o cristão é estimulado a desapegar o coração de todos os bens que acaso o impeça de amar e servir a Deus acima de todas as coisas. Praticar, retamente, a abstinência de alimentos o faz sentir a precariedade e a fugacidade da vida neste mundo e o ajuda a ordenar a existência para Deus. O jejum corporal faz parte das práticas espirituais de quase todas as religiões, dando-lhes um significado sagrado.
O jejum no tempo quaresmal também expressa nossa solidariedade a Cristo, preso, torturado, flagelado, coroado de espinhos, condenado à morte, crucificado e morto.
Ao jejuar, o cristão deve concentrar-se não somente na abstenção de alimentos ou de bebidas como também no significado mais profundo dessa prática. O alimento e as bebidas são indispensáveis para o homem viver, disso se serve e deve servir-se, mas não lhe é lícito abusar seja da forma que for. O jejum tem como finalidade nos levar a um equilíbrio necessário e ao desprendimento daquilo que podemos chamar de “atitude consumista”, característica da nossa civilização.
É preciso entender que a renúncia às sensações, aos estímulos, aos prazeres e ainda ao alimento ou às bebidas, não é um fim em si mesmo, mas apenas um “meio” a fim de preparar o caminho para conquistas mais profundas. A renúncia do alimento deve servir para criar condições para a vivência dos valores transcendentais. Por isso, essa prática espiritual não pode ser algo triste, enfadonho, mas uma atividade feliz e libertartadora.
O jejum e a Palavra de Deus
A Bíblia recomenda muito o jejum tanto no Antigo como no Novo Testamento. Jesus o realizou por quarenta dias no deserto antes de enfrentar o demônio e começar a vida pública; e o recomendou por diversas ocasiões. “Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum” (Mt 17,20). “Boa coisa é a oração acompanhada de jejum, e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos” (Tb 12,8).
Na "palavra de ordem" supracitada no livro do profeta Joel (cf. Jl 2, 12-13), Deus diz que é muito mais necessário "rasgar o coração" do que as vestes. Esta Palavra se aplica muito bem ao jejum, porque muito mais do que ficar sem comer isso ou aquilo, deve-se repassar para os menos favorecidos tudo o que não é consumido e o que é excedente. O jejum bem feito também nos dá a possibilidade de reconhecer as nossas faltas e misérias, porque, por meio dele, vemos o quanto ainda somos egoístas e mesquinhos.
A Igreja chama o jejum de “remédio contra o pecado”; pois essa atividade ajuda a todos a vencer o maior mal deste mundo: o pecado. Essa prática fortalece o espírito contra as tentações da carne, liberta e abre o ser para os valores superiores da alma.
A Igreja Católica Apostólica Romana coloca como preceito o jejum na Sexta-feira da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e na Quarta-feira de Cinzas, no entanto, é possível e recomendável lançar mão dessa arma eficaz todas as sextas-feiras, como pede Nossa Senhora em suas aparições em Fátima, Portugal.
O jejum que agrada a Deus vai muito além das práticas de mortificação ou abstinência. O verdadeiro jejum deve partir do coração, provocar libertação e mudança de vida, ou seja, de comportamento. Senão, de nada vale, visto que a maior prova da vida de oração e jejum é o bem comum, cujo objetivo deve mudar o comportamento de quem o pratica com Deus e com os irmãos. De que adianta rezar muito e fazer exercícios espirituais se o comportamento de quem os pratica não muda?
Os santos sempre fizeram do jejum uma arma poderosa contra as forças malignas. A fé exige atos práticos e concretos, que revelem os resultados da conversão.
Quem pode fazer jejum
Todos podem jejuar. Sejam idosos ou estejam cansados ou doentes; sejam gestantes, mães que amamentam, jovens ou adultos. Todos podem praticá-lo sem que isso lhes faça mal. Muitas pessoas não jejuam, porque não sabem fazê-lo. Imaginam que seja uma coisa muito difícil e dolorosa, que não vão conseguir fazer.
É muito importante dizer que o jejum não existe para que as pessoas passem fome. Muitas delas, nesses dias [de jejum], acabam pecando mais do que em outros dias, porque não levam em conta seus limites físicos, biológicos, e não se alimentando corretamente, ficam mal-humoradas, colhendo deste dia de "jejum" somente frutos de mal-estar, brigas e indisposição para rezar. Um erro muito comum é jejuar sem tomar café da manhã. Ao agir dessa forma, na verdade, começa-se a jejuar a partir da última refeição feita, na véspera, e não pela manhã.
Essas pessoas, mal-informadas, acabam passando mal e ficando com dor de cabeça, que em geral começa bem cedo. Ora, mal-estar não é o objetivo do jejum. Além disso, trata-se de uma coisa que deixa a pessoa indisposta o resto do dia, que a torna irritadiça e sempre pronta a perder a paciência. E isso é totalmente oposto ao que se espera conseguir jejuando.
Existem várias modalidades de jejum. No entanto, serão apresentados somente os quatro tipos mais comuns que poderão ser de grande proveito.
fonte: cancaonova.com
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