Essa coluna foi publicada no http://domhilario.blogspot.com/ fala ao jovem de maneira clara e direta...CONFIRA
O Sacramento da Reconciliação ou da Penitência – dele falei na postagem anterior – pode ser dito o Sacramento da “Ressurreição”, pois faz reviver a vida divina perdida ou amortecida pelo pecado. Para isso, deve ser o Sacramento da autenticidade, da sinceridade, do esforço para ser coerente e mudar de vida, caso contrário não passa de uma farsa. Se ele de fato for bem recebido, a vida divina retorna a nós (se tiver sido perdida) ou se fortalece sempre mais. É preciso, porém, CONFESSAR-SE BEM!
Para receber bem o Sacramento da Penitencia é preciso preparar-se bem. Não é a mesma coisa que pagar uma conta no guichê e receber o comprovante de que está tudo quitado. Para isso não preciso me preparar: posso ir rindo ou conversando, distraído ou lendo qualquer coisa, falando ao celular ou ouvindo música..., tanto faz.
Para me confessar não pode ser assim. Preciso preparar-me. Para isso não é necessário muito tempo. O importante é concentrar-me em Deus durante algum tempinho, invocar o Espírito Santo para que me ilumine e me ajude a perceber meus erros e a ter deles sincero arrependimento. Depois disso, vou procurar “ler” a minha vida – pelo menos desde a última confissão – com os olhos do próprio Deus. O que Ele diz de mim? Você vai ver que a consciência não demora a “denunciar” o mal que você praticou e o bem que deixou de fazer: isso chama-se “exame de consciência”.
Para fazer um bom exame de consciência, compare sua vida com a Palavra de Deus: os Dez Mandamentos, as Bem-aventuranças (Mateus 5), as obras de misericórdia (Mateus 25), o Evangelho em geral, os Mandamentos da Igreja (sabia que eles existem?)... Não precisa perder-se em minúcias. Você logo se dá conta dos erros maiores e dos menores.
Tome cuidado, porém, para não cometer mais um erro, isto é, elencar com precisão os pecados e esquecer-se do pecador, que é você mesmo. Os pecados cometidos não são nada mais do que o sinal de que EU, com todo o meu ser, emboquei pelo caminho contrário a Deus. De nada adianta acusar-me de uma lista de pecados se EU, com todo o meu ser, não decidir retomar o bom caminho. De fato, os pecados não existem sozinhos no ar, como moscas; o que existe é o homem pecador, e é esse homem que deve se acusar na Confissão. Como dizemos no início de algumas Missas: “Eu pecador me confesso a Deus...”.
Tomando consciência de que sou pecador – e a prova é a lista dos meus pecados – agora é o momento do arrependimento. Arrepende-ser significa reconhecer os próprios erros, tomar desgosto por eles por ter ofendido a Deus, por ter-lhe desobedecido, por ter sido ingrato, por ter ofendido os filhos/as de Deus, por ter ferido a Igreja, por ter desrespeitado a mim mesmo...
De fato, o pecado não é só ofensa a Deus, mas ofensa a tudo o que se refere a Deus. Pode ser o pecado mais oculto que eu tiver cometido, minha ofensa é “geral” porque eu faço parte de uma grande “comunhão” que congrega num todo a Trindade Santíssima, a Igreja, todos os que de uma forma ou outra estão unidos a Deus. Ofendendo um, ofendo todos! Não é possível isolar o mal, direcionando-o somente a Deus ou a este irmão ou àquela irmã.
O arrependimento, como disse, deve ser sincero, autêntico, profundo. Saiba, porém, que ninguém de nós se arrepende de nada, se Deus não nos conceder esse dom. Por isso, o arrependimento deve ser pedido a Deus, implorado com humildade. Não é preciso derramar lágrimas. É necessário, isso sim, reconhecer o homem errado que eu sou, e estar disposto a acolher a misericórdia de Deus e ao mesmo tempo oferecer-lhe todo o meu esforço para endireitar minha vida. Isso é arrependimento verdadeiro.
Feito isso, estou preparado para aproximar-me do Sacramento da Reconciliação. Chegou a hora da confissão dos meus pecados ao ministro de Deus. A primeira coisa que devo dizer-lhe é quanto tempo faz que eu não me confesso para ele ter uma idéia de como anda minha vida espiritual: é diferente ter-me confessado há pouco tempo e, por exemplo, fazer meses ou anos que não me confesso. O padre precisa saber disso.
Em seguida, digo ao confessor minhas faltas, a começar das mais importantes. É preciso dizer os pecados com simplicidade, sem ficar se desculpando ou justificando com muitas explicações. Quem explica demais corre o perigo de não reconhecer que de fato errou, ou de pouco se esforçar para mudar de vida. Também nada de grave deve ser escondido ao ministro de Deus. Isso seria sinal de que não há arrependimento sincero, e o Sacramento da Reconciliação seria inútil; pelo contrário, você carregaria sua consciência de mais uma falta. Quando o arrependimento é de fato sincero, a gente não tem vergonha de se reconhecer pecador, por mais grave que tenham sido os pecados cometidos. Tem sentido envergonhar-se de Jesus que quer me salvar?
Feito isso, o ministro de Deus lhe dará algumas orientações. Preste atenção e procure levá-las a sério. Elas devem fazer parte do seu propósito, do seu compromisso, sem o qual não existe arrependimento sincero. A dor pelos pecados cometidos, o reconhecimento dos nossos erros, deve levar-nos a tomar decisões concretas para evitá-los no futuro. Daí ser importante ter um “projeto pessoal de vida cristã” que, de confissão em confissão, vai sendo implementado, devendo ser objeto de exame da sua consciência todos os dias. É assim que se progride na vida espiritual.
Por fim, o padre lhe imporá uma penitência a cumprir. Varia muito de padre para padre: pode ser uma oração, um ato de caridade, uma obra de misericórdia... Procure cumprir logo sua penitência, não deixe para depois, que facilmente a gente esquece. Só que não basta cumprir a penitência: ela deve ser como o primeiro sinal de uma retomada de vida melhor, ou seja, a penitência deve fazer parte normal da minha vida, todos os dias. Em outras palavras, ela deve transformar-se em esforço para levar uma vida mais santa. Do contrário, para que serve?
Você vê que o Sacramento da Reconciliação exige seriedade de ponta a ponta: pôr-se na presença de Deus, invocar sua ajuda, examinar a consciência, arrepender-se, confessar os pecados, tomar um propósito para o futuro, cumprir a penitência imposta, esforçar-se por levar uma vida mais santa. É para isso que esse Sacramento existe. Se não houver sinceridade, pouco adianta confessar-se. Repito: Confissão não é pagar conta num guichê; pronto; estou em dia... Não ! Não faça de um encontro com Jesus Ressuscitado que quer curar-lhe as feridas da sua alma, um ato mecânico, uma farsa.
Se o Sacramento da Reconciliação é o Sacramento da “Ressurreição”, é também o Sacramento da “Alegria”. O sinal de uma Confissão bem feita é a alegria; não tanto por ter descarregado a consciência, mas por ter sido alcançado pela misericórdia do Senhor que, de novo, me acolhe em seus braços. E o abraço divino não pode senão provocar alegria sincera. Por isso, prepare-se bem para confessar-se bem: a recompensa será o crescimento na vida divina e a alegria de estar em comunhão com Deus e com todos, consigo mesmo também.
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